Dono de uma fortuna de US$ 54 bilhões, o ex-prefeito de Nova York oficializou sua pré-candidatura pelos Democratas neste domingo (24).
O ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg anunciou, neste domingo (24), que vai concorrer à disputa presidencial nos Estados Unidos. Ele será mais um dos pré-candidatos do Partido Democrata.
“Estou concorrendo a presidente para derrotar Donald Trump e reconstruir a América”, escreveu no Twitter. “Eu acredito que meu conjunto único de experiências em negócios, governo e filantropia vão me capacitar para ganhar e liderar”.
I’m running for president to defeat Donald Trump and rebuild America.
I believe my unique set of experiences in business, government, and philanthropy will enable me to win and lead.
Join our team: https://mikebloom.bg/35u8Egf 13.7K1:11 PM – Nov 24, 2019Twitter Ads info and privacy11.3K people are talking about this
“Não podemos passar mais quatro anos com as ações imprudentes e antiéticas de Trump”, declarou Bloomberg no site de sua candidatura. “Ele representa uma ameaça existencial ao nosso país e a nossos valores. Se ele ganhar outro mandado, pode ser que nunca nos recuperemos do prejuízo.”
Bloomberg já havia falado, no início do mês, sobre sua intenção de concorrer. Com o anúncio oficial, ele se junta ao conjunto de pré-candidaturas do Partido Democrata – que incluem Bernie Sanders, Elizabeth Warren, Joe Biden, Kamala Harris e Pete Buttigieg, os principais candidatos. Todos os cinco participaram do debate do partido em setembro.
Bilionário
Michael Bloomberg em evento para prefeitos em 10 de outubro de 2019 — Foto: Ritzau Scanpix/Martin Sylvest via Reuters
Bloomberg é um magnata da mídia. Em 1981, ele ajudou a fundar a Bloomberg LP, empresa de mídia, software, dados e finanças em Nova York. Hoje, é dono de 88% do negócio e tem lucros estimados em US$ 10 bilhões (cerca de R$ 42 bilhões).
Com fortuna avaliada em US$ 54,1 bilhões (cerca de R$ 227 bilhões), Bloomberg tem 77 anos e foi classificado pela revista “Forbes” como a 9ª pessoa mais rica do mundo este ano.
Filantropo, doou US$ 8 bilhões (R$ 33,5 bilhões) para causas como o controle de armas e as mudanças climáticas, segundo a revista.
Foi eleito prefeito de Nova York três vezes seguidas: em 2001, 2005 e 2009. Nos dois primeiros mandatos, pertenceu ao Partido Republicano, o mesmo do agora adversário Donald Trump. Em 2007, passou a ser candidato independente, e permaneceu assim até o ano passado, quando se juntou aos Democratas novamente (ele era do partido até 2001).
Bloomberg enfrenta imensos obstáculos à conquista da indicação pelo Partido Democrata, segundo o “New York Times”. Entre eles estão sua própria bagagem política – que inclui uma complexa rede de relações comerciais e históricos de comentários depreciativos sobre mulheres e de políticas de aplicação da lei que miravam de forma desproporcional homens negros e latinos com buscas invasivas.
Para o jornal, a entrada tardia dele na corrida presidencial vai deixá-lo em desvantagem em relação aos outros candidatos nos quesitos de construir um perfil nacional e de ter uma organização de campanha em larga escala – apesar de sua campanha milionária (veja mais abaixo na reportagem).
Por causa desse atraso, ele já decidiu não participar das votações primárias em Iowa, New Hampshire, Nevada e Carolina do Sul, marcadas para datas de fevereiro de 2020. Em vez disso, vai se concentrar na Califórnia e no Texas, que terão primárias em março e, além disso, têm mais delegados. Ele já se qualificou para participar das primárias no Alabama.
Assim como Bernie Sanders e Joe Biden, Bloomberg é um dos candidatos mais velhos da corrida – e, como eles, seria o presidente mais velho da história americana a assumir o cargo.
Propostas
O pré-candidato Michael Bloomberg em foto de 10 de agosto — Foto: Scott Morgan/Reuters
Entre as propostas listadas na campanha de Bloomberg estão:
- que os ricos paguem mais impostos (incluindo ele próprio);
- o combate às mudanças climáticas;
- a proteção dos direitos das mulheres e da comunidade LGBT;
- acabar com a violência por armas;
- fornecer serviços de saúde de qualidade a todos os americanos;
- a criação de empregos, o apoio a veteranos das forças armadas e “reestabelecer o lugar da América como uma força pela paz e estabilidade”, além de consertar o “sistema falido de imigração”.
Campanha milionária
Imagem da campanha presidencial de 2020 de Michael Bloomberg. — Foto: Reprodução/Twitter Mike Bloomberg
Segundo o jornal “The Washington Post”, a campanha de Bloomberg já fez reservas de mais de US$ 30 milhões (cerca de R$ 126 milhões) em campanhas de televisão para apresentá-lo como candidato. As propagandas devem começar ir ao ar na segunda-feira (25).
O ex-prefeito de Nova York também anunciou uma campanha de US$ 100 milhões (R$ 420 milhões) para criticar Trump em estados considerados essenciais, e outros US$ 15 milhões (R$ 63 milhões) para esforços de registros de eleitores nesses mesmos lugares. Segundo o “The Washington Post”, os valores já são mais que o dobro do que Bernie Sanders – o que mais arrecadou entre os democratas – conseguiu até setembro.
A própria fortuna de Bloomberg deve intensificar o debate entre os Democratas sobre se – e como – conter o poder de pessoas extremamente ricas.
Sanders acusou o ex-prefeito de “tentar comprar uma eleição” com a investida de comerciais televisivos. No sábado (23), ele descreveu Bloomberg como o “sintoma de um problema” – de que as pessoas mais ricas dos Estados Unidos têm controle demais sobre o governo.
Já o atual presidente americano, Donald Trump, não pareceu preocupado com a possibilidade de Bloomberg vir a competir, segundo o “New York Times”. Na sexta-feira (22), antes do anúncio, ele observou que o ex-prefeito de Nova York gastaria bastante em uma eventual campanha e que, nesse processo, poderia prejudicar Joe Biden, que lidera algumas pesquisas de intenção de voto.
Donald Trump, presidente dos EUA, nesta quinta-feira (21) — Foto: AP Photo/Steve Helber
“Não há ninguém com quem eu preferiria competir do que o pequeno Michael”, declarou Trump.
O próprio Biden falou de forma reservada com repórteres na sexta (22) em New Hampshire. Ele afirmou que Bloomberg era “um cara honrado” – e evitou uma pergunta sobre se o ex-prefeito de Nova York poderia ser considerado um membro autêntico dos Democratas.
Joe Biden — Foto: Reuters/Jonathan Ernst
“Michael é um cara sólido, e vamos ver para onde ele vai. Não tenho nenhum problema com ele entrar na corrida”, disse Biden, acrescentando: “Nas últimas pesquisas que olhei, estou bem à frente “.
A pré-candidata Elizabeth Warren evitou atacar Bloomberg diretamente na sexta (22), enquanto fazia campanha na Carolina do Norte. Ela afirmou a repórteres, entretanto, que uma candidatura financiada em riqueza pessoal não produziria “um governo que funciona para o povo”, disse o “New York Times”.
A pré-candidata democrata à presidência dos EUA Elizabeth Warren, em comício em Keene, New Hampshire — Foto: Scott Eisen/Getty Images/AFP
“Eu não acho que dinheiro grande deveria ser capaz de comprar nossas eleições, e isso é verdade quer estejamos falando de bilionários ou de executivos corporativos que financiam comitês de ação política ou lobistas grandes”, declarou Warren.
Leave a Reply