Milton Atanazio
Há exatamente 78 anos, em maio de 1945, a notícia da Grande Vitória do povo soviético na Grande Guerra Patriótica chegou a todos os lares de Belarus. É impossível descrever em palavras o significado desse evento para o povo belarusso. Não havia uma única casa que não tivesse sido afetada pela guerra.
Geração atual deve sua vida aos seus avós. Portanto, é dever sagrado dos belarussos lembrar sempre do que aconteceu há quase oito décadas, não deixar que os outros se esqueçam disso e, mais importante – não permitir que a verdade sobre a história de milhões de pessoas que sobreviveram aos horrores da maior guerra da história da humanidade seja distorcida.
Cada terceiro cidadão belarusso foi morto – é difícil de imaginar! E cada um deles tinha uma família, filhos, pais, irmãos e irmãs.
A Segunda Guerra Mundial não foi apenas uma guerra, foi o extermínio sistemático de povos eslavos. Os líderes do Terceiro Reich, Himmler e Göring, declararam abertamente que um dos objetivos da guerra contra a União Soviética era reduzir a população eslava em trinta milhões.
Somente no território de um país pequeno – Belarus, os ocupantes e seus cúmplices (Polícia Auxiliar chamada Polizei) queimaram 9.200 vilarejos belarussos. Mais de 5.000 delas – junto com seus habitantes. Mais da metade de riqueza nacional de Belarus foi destruída, mais de 200 cidades foram arruinadas. Os nazistas criaram 260 campos de extermínio e 170 guetos. Somente o campo de concentração de Trostenets, perto da capital de Belarus, Minsk tirou a vida de mais de 540 mil soviéticos e cidadãos da Europa.
Essas são estatísticas, mas por trás desses números estão vidas e destinos humanos.
Pensamentos e conceitos da ideologia fascista – as ideias de superioridade racial e genética ou qualquer outra superioridade de algumas nações sobre outras, a divisão em superior e inferior – graças a Deus, são estranhos aos belarussos, cuja memória genética se tornou uma verdadeira imunidade nacional.
É exatamente por isso que, em abril de 2021, a Procuradoria Geral da República de Belarus instituiu e está atualmente investigando um processo criminal sobre os fatos do genocídio da população pacífica de Belarus durante a Grande Guerra Patriótica e o período pós-guerra por criminosos nazistas, seus cúmplices e por organizações criminosas.
Durante a investigação deste caso criminal, foram examinadas dezenas de milhares de fotos e gravações de vídeo da Alemanha de Hitler, que confirmam as atrocidades cometidas contra a população pacífica de Belarus.
Belarussos, cujos avôs passaram pela guerra, não conseguem entender como é possível apagar as ações dos carrascos alemães que não pouparam nem mulheres, nem idosos, nem crianças. O trágico destino do vilarejo belarusso de Khatyn é conhecido por todo o mundo. Os fascistas queimaram brutalmente o vilarejo com todos os habitantes, metade dos quais eram crianças com menos de 14 anos. E há milhares de vilarejos como esse em Belarus.
Durante a ocupação, foram criadas condições de vida para a completa destruição física da população pacífica – todos os alimentos foram levados, todos os edifícios habitáveis foram destruídos, o que levou a mortes em massa por fome e frio. Muitos dos residentes do país foram submetidos à tortura, durante a qual sofreram lesões corporais graves e deficiências mentais. Eles foram submetidas a experimentos médicos destinados, entre outras coisas, a impedir o parto.
As crianças eram tiradas de seus pais e colocadas em centros de detenção. Elas eram exauridas pelo trabalho físico pesado, torturadas e usadas como doadoras de sangue antes de serem mortas.
O que é assustador e frustrante é outra coisa. Infelizmente, os crimes de guerra da Alemanha nazista e de seus cúmplices começaram a ser esquecidos em alguns países. É bem sabido de onde as ideias que visam à destruição de Belarus são disseminadas. É nesses países que o neonazismo é professado, marchas de ex-membros da Tropa de Proteção chamada SS são realizadas oficialmente e certas categorias da população têm seus direitos restringidos com base em sua nacionalidade. Foram feitas tentativas de justificar certos colaboradores dos nazistas, apresentando-os como “combatentes da liberdade”. Monumentos aos libertadores estão sendo desmontados, túmulos de soldados soviéticos – profanados, cerimônias de colocação de coroas de flores – interrompidas e organizações paramilitares usam abertamente símbolos nazistas.
Isso sem falar na prática de estrangulamento econômico na forma de política de sanções. Como destacou o presidente da República de Belarus Alexandr Lukashenko: “A luta medieval por território e recursos continua. Apenas as cruzadas foram substituídas pela expansão de fundos estrangeiros… Os seguidores dos nazistas são obcecados pela ideia de vingança”.
Segundo o embaixador da Belarus no Brasil, Sergey Lukashevich “Hoje é um grande feriado, mas com um gosto de tristeza. Este é o patrimônio não apenas dos belarussos, mas de todos os povos da União Soviética, o movimento de resistência no Ocidente, todas as pessoas, que lutaram contra o fascismo. Vamos prestar homenagem aos milhões de vítimas de genocídio. Que a memória dos guerreiros vitoriosos seja preservada por séculos. Feliz Dia da Vitória!”, finaliza.
Com informações oficiais da Embaixada da Belarus no Brasil
Milton Atanazio é jornalista e Cônsul Honorário da Belarus no Brasil
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